Se alguém disser que beber e dirigir é algo que não traz risco algum, qualquer pessoa, com as faculdades mentais em dia, saberia que tamanho disparate seria flertar com o perigo e, mais, com a vida (própria e alheia). E é isso que o presidente da República faz ao menosprezar e fazer caso da pandemia do novo coronavírus. Ele, como chefe da nação, age de forma inconsequente e tresloucada. O mundo está em alerta e todos os chefes das nações, impactadas em maior ou menor grau, estão adotando medidas severas que preservem suas populações.
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E o que se vê por aqui? Um governo e duas posturas. Felizmente, um Ministério da Saúde, pelas mãos do ministro Luiz Henrique Mandetta e do gaúcho João Gabbardo dos Reis, tentando ser o mais assertivo e ágil possível, dando orientações à população e preparando o país para os impactos mais severos de uma pandemia que, por enquanto, ainda não mostrou sua real faceta aos brasileiros. E, por outro lado, um presidente que incita apoiadores a ir para as ruas, como foi no último domingo, em uma das mais nítidas demonstrações de insensatez e desprezo pela vida dos brasileiros.
Aqueles que foram às ruas, talvez não tenham sido acometidos (ainda) pelo coronavírus, mas, sim, por um outro vírus: o do desprezo pela vida (própria) e de terceiros. O Ministério da Saúde, do próprio governo Bolsonaro, é enfático ao dizer que a população deve evitar estar em aglomerações. Enquanto isso, Bolsonaro, que terá de passar por um novo teste de coronavírus (o primeiro deu negativo), celebrou a aglomeração de apoiadores.
A declaração de Bolsonaro ao dizer "não tem preço", em referência às manifestações de domingo, será logo ali à frente cobrada: com o dinheiro público tendo de viabilizar leitos e atendimento à população, que cedo ou tarde, será atingida pelo coronavírus. Inclusive aqueles que saíram com máscaras customizadas de verde e amarelo.
O risco maior de vírus, por enquanto, no Brasil é o da insensatez e da irracionalidade. Em bom português, a isso se dá o nome de burrice.